segunda-feira, 8 de junho de 2009

Adiós Quique!


E ao fim da noite de ontem (inicio da madrugada), surgiu a noticia que muitos benfiquistas à muito esperavam, e que a comunicação social já andava a noticiar à mais de um mês, a saída de Quique Flores do comando técnico da equipa do Benfica. Terminou assim mais uma novela vermelha e branca.

Bom, mas há que referir que, para os devidos efeitos o dossier ainda não está completamente encerrado, visto que, para já, e tendo em conta o comunicado enviado pela SAD do Benfica à CMVM (desta vez foi a tempo), apenas se chegou a um “principio de acordo” para a rescisão amigável do contrato, entre as partes, que vigoraria até final da próxima época. Falta passar para o papel o acordo alcançado.

Independentemente disso, é altura de fazer o rescaldo da permanência do “espanhol” por terras lusitanas.

O “casamento” no inicio até parecia auspicioso. Treinador jovem, estudioso e metódico, à partida bem auxiliado por conterrâneos da sua confiança, levou boa parte dos benfiquistas a pensar que este seria de facto “o salvador” que traria novamente as vitórias ao Benfica. O “salvador” que à muito todos aguardamos. Com o tempo, veio-se a reparar que era puro engano e que Quique tinha sido um erro de casting de Rui Costa. Razão tinham alguns sócios, benfiquistas de “cabelos brancos”, que sempre iam avisando que “de Espanha, nem bom vento, nem bom casamento!”. Anos de experiência, que um dia, se Deus quiser, também os terei.



Poder-se-á dizer, na minha opinião, que a sua estadia se resume a “muitas manchetes e pouco rendimento”, parafraseando o próprio, grande “mestre motivacional”, em relação ao, também espanhol, Reyes.

De facto, o “rendimento” de Quique ficou muito aquém das expectativas de todos os Benfiquistas, e não fosse, ao menos, a vitória na “taça da cerveja” e teria sido uma autêntica catástrofe a sua passagem pelo Benfica. Muitos perguntarão “e não foi?”… Bom, uma taça é sempre uma taça e para a história fica quem ganha. Sempre dá para minimizar um pouco a fraca época que terminou.

Analisando então as suas, digamos assim, “conquistas”, Quique conseguiu um “fantástico” 3º lugar na Liga Sagres. “Melhorou em relação ao ano transacto”, como o seu empresário sempre ia dizendo, mas reparando nas condições que lhe foram proporcionadas, o “espanhol” poderia, mais, deveria ter feito muito melhor. Conseguiu ser eliminado nos oitavos da Taça de Portugal, pelo Leixões, nos penalties. Conseguiu ficar em último lugar na fase de grupos da Taça Uefa, atrás dos colossos Metalist e Hertha Berlim, com apenas um ponto, num grupo onde passavam três equipas. De salientar, que foi nesta competição que vi, para mim, a pior e melhor exibições da equipa em todo o ano. O jogo contra o Nápoles, em casa, da pré-eliminatória, foi para mim sem dúvida o melhor jogo do ano, que nos fez sonhar um pouco, com voos mais altos. Grande jogo em termos colectivos e individuais, que levou a Luz ao delírio. Mas mais tarde, na fase de grupos, caímos ao inferno. Os 5-1 contra o Olympiakos foram algo de muito mau, que nem quero recordar. Por fim, conseguiu conquistar a “taça da cerveja”, ou Taça da Liga, como quiserem. Das poucas alegrias que Quique nos deu, mesmo sendo, para já, uma competição menor do futebol nacional.

Mas como disse, o “espanhol” poderia e deveria ter feito muito melhor nas competições em que participou. Depois do enorme esforço financeiro que a SAD realizou para colocar à sua disposição os jogadores que havia pedido, no mínimo dos mínimos deveria ter apurado o Benfica para a pré da Champions League, no máximo deveria ter sido campeão. Deveria ter passado, no mínimo, a fase de grupos da Taça Uefa, no máximo ter chegado aos oitavos ou quartos de final. Deveria ter no mínimo levado o Benfica às meias-finais da Taça de Portugal, tal como havíamos conseguido no ano anterior, no máximo ir à final e quiçá ganhar a mesma. Em relação à Taça da Liga, nada a apontar. Poder-se-á dizer que, em relação à liga, teve o “pássaro na mão”, mas, principalmente com a quantidade de pontos perdidos em casa, deixou-o escapar. Em relação à Taça de Portugal, foi uma questão de sorte, os penalties são uma lotaria. Em relação à Taça Uefa, bastava ter ganho os jogos em casa. Pareceu que não estudou bem os adversários do grupo.



Claro que o plantel não era perfeito e tinha lacunas, isso penso que é unânime, algumas delas foram criadas pelo próprio Quique (vide dispensa de Leo). Mas, mesmo assim, tinha jogadores em quantidade e qualidade suficiente para conseguir melhor do que conseguiu. Melhores classificações e “futebol”. Ao longo da época fomos assistindo a exibições sofríveis, para não utilizar outra expressão. A táctica era “chuto para a frente e fé no Suazo”, enquanto este esteve disponível. Quique revelou uma teimosia enorme ao tentar impor um sistema táctico que, desde cedo se percebeu, não era o adequado para os jogadores que tinha à disposição. Não soube com isso rentabilizar os recursos disponíveis, insistindo em adaptações de jogadores a lugares que nunca tinham desempenhado.

Nem tudo foi mau com Quique, mas o saldo é claramente negativo. Mesmo assim, conseguimos ganhar em definitivo um DC, Miguel Vitor, pela aposta constante no “miúdo”, ganhamos um DD, que tínhamos no plantel e nem sabíamos (Maxi Pereira) e depois tivemos a ditas “vitórias invisíveis” que deixo ao critério de cada um tentar descobrir.

Poderia ainda nesta análise referir as estatísticas de Quique no comando técnico do Benfica, mas como não sei os números exactos, destaco apenas a percentagem de vitórias, que foi pouco mais de 50%, a quantidade de golos sofridos, que foi das mais elevadas dos últimos anos, provavelmente devido à constante rotatividade na defesa do Benfica, e o número de golos marcados que, não fosse a goleada ao Maritimo, provavelmente ainda seria mais baixo.

Quique termina então a sua ligação com “O Maior” e não é alguém que irá deixar saudades, de certeza. Estou contente com a sua saída, porque acredito que não iria mudar muito numa 2ª época e o futebol apresentado continuaria a ser muito mau. Mesmo assim desejo-lhe a maior sorte do mundo no seu próximo trabalho e que, seja tratado de forma mais honrada pela próxima entidade patronal, tendo o apoio da mesma nos momentos mais complicados.



Resta agora saber quem será “a próxima vítima”! Jesus há muito que tem sido falado e nas próximas horas ou dias talvez haja novidades. Aguardemos portanto…

Saudações Benfiquistas…

piccolo falou...


PS: peço desculpa pelo meu primeiro post no Blog ser bastante extenso, mas um ano de Quique tem muito que se lhe diga. Queria aproveitar para agradecer o convite que me foi formulado para colaborar no blog. Espero uma colaboração longa e duradoura. Relembro que tudo o que for escrevendo é única e exclusivamente a minha opinião. São livres de discordar da mesma.


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