quinta-feira, 9 de abril de 2009

Basquetebol: Entrevista a Sérgio Ramos


“Sempre quis acabar a minha carreira no Benfica”

Regressou para terminar a carreira no clube que o lançou para a ribalta. Aos 33 anos, Sérgio Ramos é uma referência para os adeptos, voz de comando no balneário e um dos destaques na brilhante carreira da equipa esta temporada.

– Como viveu este regresso ao Benfica?
- Estou bastante contente por ter regressado a Portugal e ao Benfica.
Contente também porque a época está a correr bem. Temos cumprido os objectivos até ao momento e estamos a jogar um bom basquetebol. Agora falta o principal objectivo da época que é ser campeão. Mas até ao momento o saldo é bastante positivo.

- Sente que as lesões condicionaram muito a sua carreira?
- Acho que sim. Na altura em que me lesionei tinha já um pré-acordo com uma das melhores equipas espanholas (TAU cerâmica), depois rompi o joelho e as negociações terminaram de imediato. Recuperei, mas estive dois anos sem jogar e é claro que as equipas não apostam num jogador que está nessas condições, ainda para mais com 29 anos na altura.
Portanto foi difícil voltar à actividade e inserir-me no meio. Ainda pensei em voltar à ACB, mas não consegui.

- Totalmente recuperado, tem estado em grande nível. Contava estar em tão boa forma?
- Eu trabalho para isso diariamente. Este Verão fiz uma preparação especial. Um mês antes da temporada arrancar iniciei os treinos individuais aqui no Benfica, portanto preparei-me muito bem fisicamente. E tenho a sorte desse factor não condicionar o meu trabalho. Faltei apenas uma semana aos treinos devido a uma rotura muscular, mas tenho-me sentido bem. Quando se faz uma boa pré-temporada nota-se depois no rendimento individual. E se as coisas estão a correr bem colectivamente, o destaque é ainda maior.

- Jogador profissional e pai responsável. É assim o Sérgio Ramos?
- (risos) Sim, mas também gosto de me divertir. Até mesmo no balneário. Eu tenho duas filhas e a responsabilidade aumentou, por isso passei a comportar-me de maneira diferente. E isso reflecte-se também na relação com os jogadores mais novos. Sou um pouco mais duro com eles. Já tive a mesma idade e sei a importância que é ter alguém a corrigir-nos. Se calhar faltou-me ter alguém que puxasse mais por mim.

- A equipa tem feito uma campanha cem por cento vitoriosa na Liga. É este o ano do título?
- Até ao momento as coisas têm corrido bem e temos ganho todos os jogos. Mas a fase de decisão ainda está para chegar e é aí que temos de estar fortes e consistentes. Obviamente que a Liga tem algumas equipas com um nível muito inferior ao Benfica, embora hajam outras que estejam ao nosso nível. Mas o que é certo é que o título vai ser decidido pela equipa que ganhar quatro jogos na final. Portanto, não interessa sermos os mais regulares agora e no "play-off" perdermos.
Temos de continuar a trabalhar para a equipa melhorar e estar preparada para essa fase decisiva.

- Porque renunciou à Selecção Nacional após o Euro-2007?
- Já estava com 31 anos e acho que há muitos jogadores com qualidade na minha posição. Dos melhores da actualidade, como o João Santos, o Carlos Andrade, o João "Betinho" Gomes. Há muitos, que podem realmente dar outro contributo. E, por outro lado, ficava complicado para mim abdicar de férias, pois sinto cada vez mais necessidade de descansar nessa fase. Mas foi basicamente uma decisão por achar que a Selecção já não precisa de mim e porque estava na altura de deixar.

- Pelo que tem visto da Formação do Benfica, podemos esperar um Sérgio Ramos num futuro próximo?
- É difícil fazermos essas previsões. Mas o facto do Benfica estar a construir uma estrutura, que permite aos jovens trabalhar bem, será mais fácil obter resultados. Depois dependerá apenas do espírito de cada um e da vontade que têm em treinar o nível técnico individual.
Acho que um jovem jogador que quer evoluir tem de investir nele próprio, sobretudo a nível individual.

Fonte: Jornal "O Benfica"

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