sexta-feira, 6 de novembro de 2009

José Jardim


"O plantel é equilibrado e dá-me garantias"
Na semana em que o Benfica recebe o SC Espinho, o técnico José Jardim faz a antevisão dessa importante partida e revela os seus objectivos para uma época que se quer de sucesso. Os adversários, os reforços, a ambição pelos títulos e os jovens, nada escapou ao responsável pela equipa de Voleibol.
No sábado recebemos o SC Espinho, equipa Campeã Nacional. Que antevisão faz dessa partida?
Será um jogo, até pelas duas partidas que já realizámos em torneios, extremamente intenso. O Espinho tem um maior entrosamento, tendo substituído apenas um jogador, o caso do oposto e na minha opinião com maior qualidade do que o da época passada. É uma equipa difícil de bater. Agora temos as nossas armas e já provámos isso nos torneios, com alguns melhoramentos que têm vindo a ser realizados em função dos treinos e podemos vencer. O facto de considerarmos o adversário forte não o torna de forma alguma invencível, aliás já tem uma derrota. É uma equipa que obriga a jogar no limite para lhe poder ganhar, mas se isso acontecer, principalmente tentando desequilibrar as acções de rede, o que se consegue com um bom serviço, bloco e um aproveitamento do contra-ataque, a vitória será possível. Estes são pontos-chave que estão ligados e são determinantes frente a qualquer equipa, ainda mais contra um adversário como o Espinho, que tem um bom controlo de bola e perde poucos pontos.
O Guimarães e o Espinho são duas das equipas mais fortes da Divisão A1 e são dois adversários que defrontamos no espaço de uma semana. O que é preciso para a equipa ganhar este tipo de jogos?
Ambição, agressividade e serenidade. É natural que, com equipas de um valor aproximado, com alguns pontos fortes e fracos distintos, seja necessário estarmos tranquilos para quando nos encontramos em vantagem ou em desvantagem, não embandeirarmos em arco, nem entrarmos em desânimo. Em qualquer das circunstâncias há que lutar para que o resultado final nos seja favorável. É fundamental manter essa serenidade, porque só a agressividade sem cabeça leva às vezes a entrar numa ansiedade que prejudica o rendimentoda equipa.
Qual a importância e o papel deste período na luta pelo título? Pensa que pode ser uma fase determinante para o Benfica terminar a fase regular na liderança?
Apesar de ainda estarmos na primeira volta é evidente que estes dois jogos têm o seu peso na classificação final, mas não estamos a falar de uma importância decisiva, até porque eu considero que este campeonato está mais equilibrado. Na minha opinião há cinco equipas com possibilidades de lutar pelos primeiros lugares e há outras que estão muito bem apetrechadas que podem provocar, nem diria uma surpresa, mas um resultado menos favorável àqueles que têm de se assumir como candidatos ao título. Agora claro que tem importância, são dois jogos que quase valem por dois, pois a equipa que ganhar leva vantagem sobre adversários directos. Se fosse um campeonato corrido era muito importante, agora para o play-off nem tanto. É claro que todas as equipas lutam sempre por terminar a fase regular no primeiro lugar, isso tem sido decisivo nas últimas épocas, onde apenas uma vez nos últimos cinco anos isso não foi decisivo, mas isso por si só não garante a conquista do título. Até pelo equilíbrio das equipas isso não me parece que seja tão claro ainda.
No início da Divisão A1 os resultados têm sido os melhores. A que se devem estas prestações?
Parece-me que isso tem a ver com a seriedade com que temos encarado cada set, com a qualidade dos jogadores e com o facto de a equipa se ir conhecendo e ainda está longe do que pode render. Há pontos em que temos de crescer muito para atingir um rendimento mais estável. Mesmo vencendo os sets tem havido oscilações em que a equipa se tem encontrado em vantagem clara de 4-5 pontos e depois essa vantagem está a esfumar-se rapidamente, o que não pode acontecer.
Como avalia e caracteriza o plantel no seu colectivo? O grupo dá garantias de manter o mesmo nível durante toda a temporada?
Para mim não tem de manter mas sim de subir. Para ser um fortíssimo candidato a vencer todas as provas, o Benfica tem de subir o nível de jogo que apresenta neste momento, isso é claro. O plantel é equilibrado e dá-me garantias, com uma ou outra situação em que temos de trabalhar muito, nos tais falados pontos menos fortes, em que as características numa determinada posição de um jogador são muito semelhantes. Esse é um aspecto em que eu estou optimista na superação das dificuldades e tenho garantias do profissionalismo e da forma como todos os atletas se entregam. Isto tudo independentemente da condição em que os atletas se encontram, estejam a jogar ou no banco. Eles têm de estar sempre preparados, sem haver quebras anímicas ao nível do trabalho, para estarmos cada vez mais fortes e para que esse equilíbrio do plantel seja uma clara mais-valia.
Para além dos reforços, o que mudou no Benfica para poder assumir que vai realizar uma época superior à do ano passado e chegar aos títulos?
Mudou claramente a aposta, a constituição do grupo, um equilíbrio muito maior, a ambição assumida, mas não mudou a nossa forma de estar e de sempre procurar engrandecer o Benfica, a dignidade com que entramos em campo, o facto de deixar tudo em campo, independentemente de ter mais recursos ou não. Isso nunca pode mudar, tem de ser sempre o máximo.
Com uma exigência cada vez mais elevada em obter resultados, que espaço existe na equipa Sénior do Voleibol do Benfica para as camadas jovens do Clube?
O espaço existe, tem de existir. Agora é um facto que em qualquer modalidade quanto melhor for o nível da equipa sénior, melhor tem de ser a qualidade do trabalho da Formação, porque mais dificilmente um atleta saído dos Juniores entrará numa equipa de excelente qualidade. O que é fundamental é apostar em atletas com potencial, aqui há dois aspectos que são fundamentais – a envergadura e a capacidade de impulsão. O voleibol joga-se principalmente lá em cima, embora a parte defensiva seja também muito importante. Depois é necessário uma boa adaptação ao volume de treino e à equipa de Seniores. Temos ainda agora o João Magalhães que está a fazer a posição de líbero e na época passada fez de zona 4. É um atleta que veio da Formação e que devido à sua capacidade técnica tem-se adaptado a diferentes posições. Para já não falar dos jogadores mais antigos como o Pedro Fiúza, o Rui Guedes e o próprio Carlos Fidalgo que são apostas de continuidade.
Como avalia a competição deste ano na Divisão A1 e quais pensa que são os nossos principais rivais na luta pelo título?
Para além da nossa equipa, considero que existem quatro formações que se apetrecharam bem para a luta pelo título: o Sporting de Espinho, Campeão Nacional, que trocou apenas uma peça, o Vitória de Guimarães, que mudou o plantel e em relação à época passada tem pontos mais fortes e outros pontos mais fracos, o Castêlo da Maia (que se reforçou com alguns atletas do Guimarães e do Leixões), e a equipa do Fonte Bastardo. O Campeonato está claramente mais competitivo em relação à época passada.
No início da época renovou o contrato com o Benfica por mais duas temporadas. O que mais pesou nesta decisão?
Principalmente porque me sinto em casa, com uma maior motivação ainda, sou muito bem tratado aqui e também dou tudo de mim por este clube. Este reconhecimento por parte da Direcção do Clube e esta motivação intrínseca para continuar a desempenhar esta função a “duzentos por cento” é claramente uma prioridade na minha vida. Estar no Benfica tem de ser a nossa prioridade, sabemos que para o nosso bem-estar e para o equilíbrio emocional na família isso é fundamental. Até porque o desporto é agressivo, tem vitórias e derrotas, ainda por cima no voleibol não existem empates. Temos de dar tudo – é esta mensagem que a equipa técnica transmite aos jogadores.
O que gostaria de ter conseguido no final destes próximos dois anos?
Vencer e formar uma equipa consistente de forma a continuar a ganhar, criar um ciclo de vitórias, uma base que permita que o Benfica seja um clube claramente dominador no voleibol nacional. Apesar da hegemonia em termos de participação geográfica a Norte do País, o que nos penaliza.
Que mensagem gostaria de deixar aos adeptos do Benfica?
Os adeptos têm sido de uma tal generosidade a apoiar-nos em todos os momentos que a mensagem é para que eles nos continuem a apoiar que nós vamos fazer tudo para lhes dar grandes alegrias.
Fonte: Sport Lisboa e Benfica - Site Oficial

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