Viagem ao céu teve sofrimento
O Benfica vive hoje uma das noites mais memoráveis da sua história. Os comandados de André Lima, mostraram que são já um colosso da Europa e afastando o vice-campeão do ano passado garantiram o apuramento para a Final Four. André Lima já tinha avisado que tinha a certeza do apuramento, e ele mais do que ninguém devia sentir a enorme alma destes jogadores, que hoje deram tudo, assinando uma exibição a tocar o brilhante. Hoje o Benfica garante a viagem para a parada de estrelas da UEFA CUP, com o sofrimento dos últimos segundos a dar um sabor ainda mais especial a este feito de um conjunto de jogadores, treinadores e dirigentes que teimam em deixar o seu nome escrito em letras douradas nos pergaminhos do Benfica.
O resultado final foi 2-2, mas pela qualidade demonstrada os encarnados não deveriam ter sofrido, Tiveram momentos de excelência e se o «cabrito» que Ricardinho deu a Zuev tivesse entrado (era o 3-0), era caso para dizer logo naquela altura «Ninguém para o Benfica». Assim tiveram os corações das águias de bater de forma mais acelerada até ao segundo final, mas com a buzina veio a glória.
Os adeptos que praticamente encheram o pavilhão acreditavam que este ano as coisas podiam ser diferentes, e que a vantagem que o Benfica possuía em caso de empate acabasse por ser um factor extra de motivação. O Viz-Sinara tinha de assumir mais riscos desde o início, no entanto, o Benfica não abdicou de fazer a sua habitual pressão no início da partida. Assim os encarnados conseguiam manter os russos longe da sua área.
Os russos tiveram os primeiros remates, mas com pouco perigo para a baliza de Bebe. Respondeu Ricardinho num livre que pôs em dificuldades Zuev e com um remate por cima. Estava a ser um encontro muito táctico. Era o jogo decisivo e isso se reflectia-se no desenvolvimento da partida. Pouco a pouco o Benfica teve mais o controlo da bola e as oportunidades já só eram suas. A boa pressão e o grande trabalho defensivo estavam a dar os seus frutos. Ricardinho, que estava a ser o homem mais perigoso das águias, e Davi tinham mais oportunidades mas a bola não queria entrar na baliza de Zuev.
No minuto treze César Paulo teve uma clara oportunidade mas, depois de deitar um defesa e ficar sozinho ante Zuev, preferiu passar a bola a um companheiro e um adversário cortou o passe. Do outro lado, o actual vice-campeão da competição não encontrava espaços para procurar o golo. Ou melhor, o Benfica não os deixava.
Perto do intervalo, chegou o primeiro golo para os encarnados. Joel Queirós cobrou um livre junto à linha da área do Viz-Sinara que entrou entre as pernas do guarda-redes. Um golo merecido porque o Benfica estava a fazer mais por marcar. E assim se chegou ao descanso.
Apresentava-se uma segunda metade muito interessante. Tudo em jogo e só vinte minutos por disputar. César Paulo teve a primeira oportunidade e a resposta dos russos chegou segundo depois, com um remate de Prudnikov junto ao poste esquerdo. No entanto, foi o Benfica quem marcou de novo. César Paulo, finalizou a preceito uma grande circulação da bola da equipa de André Lima, depois do passe final de Davi. A Final Four estava muito perto. Davi, e sobretudo Ricardinho, levantavam aos adeptos das bancadas. Destaque para o lance que devia ter morto a partida, com Ricardinho isolado a fazer o cabrito a Zuev e a bola a passar a milímetros do poste.
A equipa do Viz-Sinara tinha uma difícil missão porque a pressão era muito forte. Alem disso, as oportunidades que tinham não eram aproveitadas, e assim era muito difícil dar a cambalhota no marcador. No entanto, os homens de Sergey Skorovich, não se renderam e conseguiram marcar o seu primeiro golo. Timoshchenko só teve que empurrar a bola para as redes depois dum bom passe de Agapov. A emoção voltou ao pavilhão da Luz e mais ainda quando Khamadiev empatou a partida a sete minutos para o final depois de um erro defensivo do Benfica.
A vantagem da equipa vermelha e branca estava perdida e mais um golo do Viz-Sinara seria fatal para os seus interesses. Viviam-se minutos de muitos nervos porque tudo estava no ar. Cada jogada poderia ser decisiva. O treinador russo colocou então Prudnikov no campo em substituição do guarda-redes e podia mesmo ter chegado à vitória mas Chistopolov e Prudnikov falharam duas grandes oportunidades.
Seria um castigo demasiado cruel para o Benfica. Hoje pode ter sido uma página da história do clube, mas agora o próximo passo é repetir a presença na hora das decisões (Benfica já esteve na final a duas mãos, antes de existir final four) e agora conseguiu o troféu.
Vídeo do jogo:
http://videos.sapo.pt/KgMkVmQ8UlMw4izAShw8
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