sábado, 7 de fevereiro de 2009

Júniores: Destaques da equipa


David Simão

O habitual camisola 10 tem sido, de longe, o melhor e mais decisivo jogador do Benfica nesta temporada. Actuando normalmente como médio-centro, mas por vezes também um pouco mais adiantado no terreno, Simão tem pautado esta temporada por uma regularidade que alguns duvidavam que fosse capaz de almejar. Organizador máximo do jogo ofensivo, comanda a equipa do Benfica usando o seu fantástico pé esquerdo como se fosse uma batuta, com pormenores técnicos deliciosos, capacidade de passe curto e longo fora do normal e uma meia-distância que se destaca neste escalão. Além disso, evoluiu muito em termos defensivos, mostrando mais garra e acerto na hora de fechar caminhos para a sua baliza, descobrindo também uma faceta de goleador que o torna o goleador incontestado desta equipa, autor de inúmeros golos decisivos nesta campanha. Tem, obviamente, que limar algumas arestas, nomeadamente a nível de velocidade de execução e resistência. É ainda acusado por alguns adeptos por ter uns certos “tiques” de vedeta que podem prejudicar a sua evolução. O que é certo é que tanto o Nacional de Juniores como a Liga Intercalar (onde foi figura maior da equipa do Benfica) mostraram que David Simão é jogador para altos voos. De águia ao peito.


Abel Pereira

Lembram-se de Ricardo Rocha? Pois bem, o antigo camisola 33 do Benfica tem aqui um digno sucessor. Titular indiscutível no eixo da defesa encarnada, Abel compensa algumas limitações técnicas e físicas (é um jogador relativamente baixo) com empenho máximo na disputa de todos os lances. Veloz e, por isso mesmo, muito eficaz a dobrar os companheiros, com forte capacidade de desarme e de impulsão (o que, apesar da baixa estatura) o faz dominar o jogo aéreo, assume-se como o patrão da defensiva. Se será jogador para um dia vir a envergar a camisola sénior do Benfica só o tempo o dirá. As suas limitações em termos de altura podem limitar também as suas metas futuras. Contudo, as equipas campeãs também se fazem de operários, jogadores profissionais e competentes que dão tudo pela camisola e, nas palavras do próprio Abel, “ajudam os companheiros a chegar mais longe”. E nisso, o camisola 3 é um verdadeiro campeão!


Ishmael Yartei

O “Giggs” do Gana, como ficou conhecido quando chegou ao Benfica, cedo se desmarcou do estilo do capitão do Manchester United e mostrou qualidades lhe permitem vir a escrever uma história só sua. Já na época passada foi um dos jogadores mais em foco e, neste ano, apesar de ter sido inscrito tardiamente devido a problemas burocráticos, depressa deixou a sua marca. Esquerdino, actuando preferencialmente como médio interior mas não desconhecendo por completo as posições de nº10, extremo esquerdo ou mesmo lateral esquerdo, faz da velocidade de execução a sua maior arma. Muito dinâmico, parece carburar a um ritmo diferente dos restantes jogadores, aproximando-se mais de um ritmo “sénior”, sendo talvez por isso mesmo um dos jogadores mais requisitados por Quique para os trabalhos do plantel principal. É também um jogador com uma maturidade acima da média, sabendo quando soltar a bola e sendo dotado de uma capacidade de passe e de remate bastante boa. Acaba por ser o expoente máximo da aposta do Benfica no mercado estrangeiro, mostrando que os jogadores vindos de fora, desde que tenham qualidade indiscutível, são muito bem-vindos ao Sport Lisboa e Benfica.


Leandro Pimenta

Fez manchetes dos jornais já esta época, sendo apelidado de “novo Rui Costa”, pelo facto de ser aposta pessoal do novo director desportivo do Benfica. Contudo, as semelhanças com o antigo “maestro” ficam-se pela imprensa desportiva generalista que, em geral, pouca atenção dá às camadas jovens (a não ser que se trate da “melhor academia do universo e arredores”). Leandro Pimenta é um médio esquerdino que se destaca pela sua capacidade de passe e simplicidade de processos, bem como pela sua capacidade de ocupação de espaços e leitura táctica, sendo excelente defensivamente. É, acima de tudo, um jogador extremamente regular e maduro, controlando o meio-campo benfiquista com mestria e utilizando a sua técnica desenvolvida para o prol do colectivo. Tem sido posto à prova por João Alves, que já o utilizou como defesa esquerdo e extremo-esquerdo e manteve a mesma humildade de sempre, dando o máximo para o benefício da equipa. Tem, como é óbvio, características que necessita de aprimorar, como o remate de meia–distância (não é mau mas tem de arriscar mais) e a criatividade ofensiva. Julgo que um empréstimo só poderá ser positivo para a sua evolução. Porque a qualidade está toda lá.


Domingos SilveiroAdul

É, sem dúvida, uma das figuras desta equipa. E, apesar de tudo, um dos jogadores do plantel que menos minutos têm. Quando se via perante equipas fechadas, que preferiam colocar o autocarro em frente da baliza ao invés de disputar o jogo, João Alves fazia saltar do banco o rápido Adul e o avançado raramente desiludia. Não raras vezes foi seu o tento que fez cair muralhas adversárias, abrindo o caminho para vitórias que se avizinhavam sofridas. Foi, por isso, desde cedo apelidado de “talismã” desta equipa, um pouco à semelhança, na devida escala, de Pedro Mantorras no plantel sénior. Jogando como avançado móvel num 4x4x2 ou mais encostado à banda direita, Adul fez da velocidade e do seu sentido de oportunidade uma mais valia inegável para esta equipa. Contudo, é um jogador que apresenta ainda inúmeras limitações, nomeadamente ainda alguma ingenuidade e inconsequência em muitas das suas acções. Mas é ainda de primeiro ano. Tem ainda muito tempo para evoluir e para, definitivamente, deixar de ser o suplente milagroso, e se assumir como uma das pedras basais da equipa de juniores do Benfica.

3 comentários: