Jorge Jesus apostou num onze titular surpreendente. Aimar saiu, e Jesus não lançou Carlos Martins para o seu lugar, como seria de prever. Em vez disso, lançou na partida Éder Luís, que assim se estreou como titular na Liga. Manteve Fábio Coentrão a defesa esquerdo, e para o lugar do castigado Javi Garcia entrou Airton, que ainda não tinha qualquer minuto jogado ao serviço do Benfica. Além disso, o Benfica apresentou-se algo diferente tacticamente, com Ramires a jogar em zonas centrais, muito perto de Airton, com Di Maria claramente aberto na esquerda, e com Saviola a ir muitas vezes ao flanco direito. Éder apareceu sempre a vagabundear no centro do terreno.
O Benfica fez uma belíssima entrada do jogo, mandando desde o primeiro minuto e obrigando o Leixões a jogar quase sempre encolhido no seu meio campo. Saviola foi fundamental neste período a desequilibrar à direita, compensando a deslocação de Ramires para o meio. Airton entrou bem na partida, substituindo à altura Javi Garcia, dando poucos espaços aos adversários no seu raio de acção.
Logo a abrir a partida David Luiz atirou ao poste na sequência de um canto, dando o sinal do que se seguiria. A meio da primeira parte, Cardozo com um passe magistral isolou Di Maria, e o argentino marcou. Mas um fora de jogo inacreditável foi assinalado, e assim permaneceu o nulo. Mas foi de pouca dura, porque Éder Luís pouco depois estreou-se a marcar num pontapé de fora da grande área que ainda ressaltou num defesa adversário. E a forma como a equipa de seguida continuou a mandar no jogo, certificou-me no momento que os três pontos já eram nossos.
Até final da primeira parte o Benfica continuou a carregar, e teve em Di Maria e Saviola os principais elementos para desequilibrar a defensiva contrária. O Benfica que voltou dos balneários para a segunda parte foi exactamente igual, mandando no jogo e não cedendo nunca o controlo do jogo ao Leixões. E foi então que Di Maria acelerou definitivamente o ritmo, pondo fim ao jogo. Carlos Martins rendeu Éder Luís e o Benfica ganhou mais discernimento no centro do terreno, e o resultado começou a avolumar-se. Di Maria, já depois de ter falhado um golo certo quando se isolou perante Diego, marcou o segundo da partida num belo remate cruzado. E com naturalidade veio o 3º, num grande passe de Carlos Martins e com execução magistral do nº 20. Di Maria que ainda marcou novamente (4º golo na partida!), ao fazer o resultado final já perto do fim, somando o seu primeiro hat-trick da carreira e coroando uma exibição individual de sonho.
Toda a equipa, sem excepção esteve muito bem, em grande, grande nível. Até Cardozo, muito perdulário na hora de atirar à baliza, realizou uma exibição nos outros itens: pressing, capacidade de segurar a bola, visão de jogo, passe...
O grande destaque vai evidentemente para Angel Di Maria. No seu melhor momento de forma de sempre, marca três golos e ajuda o Benfica a rubricar uma exibição que por certo estará a assustar os rivais, num campo complicado, muito mal tratado e em condições climatéricas francamente complicadas. Airton, em estreia, esteve também impecável até ser rendido por Ruben Amorim. É certo que foi o seu primeiro jogo, mas duvido que me esteja a enganar ao dizer que vai ser um caso sério.
Todos os restantes jogadores, inclusivamente os que entraram no decorrer da partida, estiveram fantásticos. Foi uma exibição de gala, de um Benfica muito personalizado e a dever muito a Jorge Jesus. A nuance táctica introduzida pelo técnico para o jogo de hoje resultou em pleno, e poderá ser sem dúvida explorada mais vezes quando a partida assim o aconselhar. Foram 90 minutos em que o Benfica mostrou que é claramente a melhor equipa nacional (e com alguma distância, apesar da fraca vantagem pontual que detém na classificação), e em que mostrou que pode e deve ser campeão nacional. Com mais nove exibições equivalentes a esta, com o mesmo rigor e atitude, o título não tem como fugir.
Estiveram excelentes também os adeptos, num dia de alerta vermelho lançado pelo Instituto de Meteorologia, lotaram quase por completo o Estádio do Mar numa demonstração de força da onda vermelha, que está para ficar e para aumentar ainda mais. Foi tudo fantástico, dentro e fora de campo.
Rumo ao 32º!
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