terça-feira, 16 de junho de 2009

Vendaval por terras da Luz


Sim, vendaval! Porque foi o que pareceu ter passado na última semana pelo Benfica, virando aquilo tudo de pernas para o ar. Não que outras semanas, na vida do Benfica, tenham sido menos, digamos, movimentadas, por hábito as semanas para os lados da Luz são bastante agitadas e dão azo a muitas conversas, infelizmente. Mas esta foi especialmente agitada, senão vejamos: treinador despedido; órgãos sociais demitem-se em bloco, por sugestão de Luís Filipe Vieira; o presidente da Assembleia Geral tem algumas intervenções no mínimo infelizes; o Director Desportivo faz um ano de desempenho do cargo e desfaz-se em entrevistas; para além disso, a novela do treinador contínua. Tudo dito.


Em relação ao despedimento de Quique Flores, ou melhor, “rescisão por mútuo acordo”, como fizeram passar para o exterior, já disse tudo o que tinha a dizer na passada segunda-feira. Quique já não tinha condições para continuar e não era garantido que ele iria mudar algo no segundo ano do contrato, muito menos o futebol praticado pela equipa. Saiu e saiu bem, na minha opinião, e ao que parece por um valor mais baixo do que o inicialmente previsto.


Agora, a demissão em bloco dos órgãos sociais do Benfica e consequente antecipação das eleições para 3 de Julho. Primeiro devo dizer que sou a favor da antecipação das eleições, mas nunca para a altura da pré-época onde alguns poderão confundir actos de gestão normal do plantel, como contratações, dispensas e afins, com medidas eleitoralistas e acredito que, de certa maneira, Vieira vai-se aproveitar um pouco dessa situação para ir fazendo a sua campanha, como é óbvio. Para quem dúvida disso, estarei aqui para me retratar se for necessário. Na minha opinião as eleições deveriam ter sido antecipadas, isso sim, para final de Maio, princípios de Junho.


Algo que me chamou à atenção, quando Vilarinho anunciou a todo o país a convocação de eleições antecipadas, foi a justificação apresentada. Questionei-me então…
- “Instabilidade criada por alguns? Mas ‘alguns’ dentro do Benfica ou fora? Se for alguém de fora do Benfica então não compreendo. Não era o Vieira que dizia que o Benfica ‘já não é dirigido de fora para dentro’? Estranho! Ou está com medo da oposição ou quer passar um atestado de estupidez a todos nós.” Sinceramente acho que é um pouco das duas.


Há que dizer que do ponto de vista estratégico esta antecipação do acto eleitoral é uma medida genial, para Vieira claro, porque mina quase por completo as hipóteses da sua oposição construir uma lista e projecto fortes e consistentes, capazes de o derrotar nas eleições. Temos estratega. O Bush talvez gostasse de o ter tido como general quando atacou o Iraque. Mas isso são contas de outro rosário. Assim como a oposição a Vieira, sobre a qual me vou debruçar na próxima semana, visto que só vão apresentar os seus projectos nos próximos dias.


À pouco falei no Vilarinho e é sobre ele que vou dissertar agora, porque na passada semana Vilarinho, Presidente demissionário da Assembleia Geral do Benfica, teve algumas declarações no mínimo infelizes e outras que irão entrar directamente para os anais da história, tal a enorme falta de respeito que demonstram para com os benfiquistas.


Comecemos pelas modalidades. Vilarinho, referindo-se ao título espectacularmente conquistado pela nossa equipa de Basquete disse tão-somente isto: ”O título de basquetebol não me diz nada. (…) as modalidades são um sorvedor do dinheiro do futebol". Alguém que diga ao ‘senhor’ que o Benfica não é só futebol, apesar de este ser o seu ‘core-business’. O Benfica sempre foi um clube eclético, onde as modalidades sempre desempenharam um papel muito importante e conquistaram inúmeros títulos que contribuíram também muito para o prestígio da instituição Benfica em Portugal e, porque não dizer, no mundo. Se ele não gosta das mesmas, como já o demonstrou enquanto presidente, que guarde isso para ele e só para ele. Fica-lhe muito mal, desempenhando um cargo de importância dentro do clube, vir a público dizer aquilo, minimizando uma conquista de todo fantástica. Mas adiante.


No mesmo dia saíram-lhe outras ‘pérolas’. “Estou farto de benfiquistas. Prefiro trabalhar com sportinguistas do que com benfiquistas que se estão sempre a queixar”, disse, acrescentando ainda que “benfiquistas sou eu, mais 10 ou 20”. Hilariante de facto. Quanto à primeira frase supra citada, se não gosta da exigência dos benfiquistas, então tem bom remédio… Que vá trabalhar para Alvalade, e deixe os órgãos sociais do Benfica de vez. Em relação à segunda, digamos, ‘pérola’, devo dizer que deve ter deixado 5 999 980 de benfiquistas, no mínimo, perplexos e chateados. Agora estou a pensar… Também fiquei! Quer dizer então que não sou benfiquista verdadeiro! Oh, não… Não acredito. Aconselho o Sr. Vilarinho a ter mais atenção ao que diz e mais respeito por quem, um dia, decidiu coloca-lo na presidência do Benfica.

Conselho de amigo.


Na passada semana também Rui Costa esteve em foco, desfazendo-se em entrevistas, para analisar o seu primeiro ano como DD. Nelas disse muita coisa e não disse nada. Estamos interessados no Jesus, mas não é o único. Estamos interessados no jogador x ou y, mas há alternativas. O problema do Benfica a época passada foi a ansiedade. Pergunto, mas estamos a falar de miúdos de 15/16 anos ou de uma equipa profissional que já deveria saber lidar com essas situações? O que é facto é que Rui Costa esquivou-se às grandes questões e, no global, retira-se muito pouco, ou nada, das entrevistas.


Rui Costa tem muito potencial e quer tanto ganhar como nós, simples e anónimos benfiquistas. Cometeu alguns erros no primeiro ano, mas espero que vá aprendendo com os mesmos e se torne um dirigente de qualidade inegável.


Para terminar, a novela do treinador do Benfica, porque um defeso sem novela encarnada não é defeso. Ainda não há treinador, mas ao que parece isso poderá estar resolvido nas próximas horas, isto acreditando no que vem na CS, que nunca é de fiar. Continuemos a aguardar… sentados de preferência.

Saudações benfiquistas...

piccolo falou

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